Quem é Iemanjá na Umbanda Sagrada?
Iemanjá é um dos Orixás mais conhecidos e cultuados no Brasil, especialmente na Umbanda Sagrada. Mais do que uma divindade das águas, ela é o Trono da Geração, a força divina que sustenta e irradia o Mistério da Vida.
Ela é considerada a “Mãe da Vida”, fonte geradora da existência e essência feminina da criação. Está assentada na Coroa Divina como Orixá Essencial da Geração, ocupando o polo magnético positivo da linha da Geração — tendo como contraponto Omolu, regente da morte e do retorno ao plano espiritual.
O Elemento Água e o Poder Criador
Na teogonia da Umbanda, a água é o elemento sagrado de Iemanjá, pois simboliza o fluido vital que dá origem, nutre e sustenta todas as formas de vida. Por isso, seu ponto de força mais conhecido na natureza é o mar, embora rios e cachoeiras também possam ser usados em práticas ritualísticas.
Ela é a “água que vivifica”, enquanto Omolu é a “terra que amolda”. Essa complementaridade revela a visão da Umbanda sobre nascimento e morte como polos inseparáveis do mesmo Mistério Divino.
Iemanjá e os Mistérios Espirituais
Iemanjá é um Mistério do Criador, ou seja, uma manifestação divina que transcende explicações lógicas. Ela se desdobra em nove mistérios secundários, cada um regendo aspectos específicos da criação.
Sua linha espiritual é habitada por seres naturais, como as Sereias — entidades aquáticas que nunca encarnaram e atuam na limpeza e purificação energética. Essas Sereias também estão ligadas a Oxum e Nanã Buruquê e utilizam o “canto aquático” como mantra de poder para dissolver negatividades.
Iemanjá em Relação a Outros Orixás
Na cosmologia da Umbanda Sagrada, Iemanjá se relaciona com outras divindades em formas específicas:
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Iemanjá Cristalina (Geração da Fé): nasce da união entre Geração e a corrente cristalina de Oxalá, o Orixá da Fé.
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Iemanjá Mineral (Iemanjá do Arco-íris): surge da combinação com a irradiação mineral de Oxum, regente do Amor e da Concepção.
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Oxumaré, o arco-íris sagrado, cria condições para a manifestação dessas formas intermediárias. Ele aparece como serpente encantada que busca espíritos nos domínios de Iemanjá e Oxum, abrindo caminhos de evolução espiritual.
Culto e Oferendas a Iemanjá
Na prática umbandista, o culto a Iemanjá envolve firmezas, consagrações e rituais com oferendas e orações.
Itens comuns em rituais:
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Velas brancas ou azul-claras
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Água limpa em jarras
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Pétalas de flores brancas ou coloridas
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Folhas de louro
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Perfumes, pentes, espelhos, comidas e fitas claras
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Banhos de ervas (como erva cidreira) para limpeza e consagração
As oferendas podem ser depositadas no mar ou em fontes, criando portais vibracionais e campos de força onde a energia geradora de Iemanjá atua para proteção, limpeza e renovação espiritual.
Orixá de Fé e Transformação
Iemanjá não é apenas um espírito que incorpora nos terreiros, mas sim uma Força Divina presente em tudo. Ela é manifestação viva do amor criador do universo e atua por meio da natureza, especialmente da água.
No Ritual de Umbanda Sagrada, sua presença pode se revelar em visões, intuições e êxtases espirituais, trazendo revelações profundas e abertura de caminhos para evolução interior.
A Umbanda e o Mistério de Iemanjá
A Umbanda Sagrada compreende os orixás como mistérios e regentes da criação. Falar de Iemanjá é mergulhar em uma dimensão infinita de sabedoria, maternidade, cura e amor. Ela é um canal direto com o Criador, e reverenciá-la é reconhecer o valor da vida em todas as suas formas.
Olhar para o mar é olhar para o ventre da criação. Conhecer Iemanjá é dar o primeiro passo para conhecer a si mesmo — e, por fim, o próprio Criador.
Conclusão
Iemanjá, a Mãe da Vida, é muito mais do que uma entidade: é um dos mais profundos mistérios divinos da Umbanda Sagrada. Seu poder gerador, sua relação com a água e sua presença amorosa fazem dela um pilar da criação e da espiritualidade.
Que possamos olhar para o mar — e para a vida — com reverência, gratidão e conexão com o Mistério que é Iemanjá.
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