Parabéns por ter dominado a criação da planta baixa, a base de qualquer projeto arquitetônico! Mas, como você bem sabe, um projeto vai muito além das paredes e vãos. A jornada para um projeto completo e inteligível para todos os envolvidos, do cliente ao construtor, exige que você vá além, adicionando camadas de informação e clareza. Vamos explorar os próximos passos essenciais, como identificar corretamente seu desenho e como complementá-lo com informações textuais, quadros e tabelas para garantir que sua visão seja perfeitamente compreendida.
Os Próximos Passos Essenciais Pós-Planta Baixa
Uma vez que a planta baixa está definida, com seus ambientes e dimensões horizontais (largura e comprimento) claramente representados, o foco se volta para adicionar profundidade e detalhe, tanto para aprovação quanto para execução.
Os passos seguintes geralmente envolvem:
- Estudos de Leiaute: A planta de leiaute é fundamental para estudar as circulações internas e auxiliar no dimensionamento dos ambientes. Ela permite alocar louças, metais e móveis maiores para demonstrar o funcionamento e a circulação do espaço, ajudando a verificar se as circulações propostas são possíveis e se o posicionamento dos móveis não impede a abertura de portas, por exemplo.
- Projeções Verticais (Cortes e Fachadas): Enquanto a planta baixa é uma seção horizontal, os cortes são seções verticais que permitem a visualização do interior da edificação, suas alturas e relações espaciais internas. As fachadas (elevações) mostram as vistas externas do edifício, sua volumetria e altura total, complementando a compreensão da aparência do projeto. Esses desenhos são construídos a partir da planta baixa, garantindo consistência dimensional.
- Plantas de Implantação e Situação: Para a aprovação do projeto, é crucial mostrar a relação da edificação com o terreno e o entorno. A planta de implantação (ou locação) posiciona o projeto no terreno, indicando recuos, afastamentos e acessos. A planta de situação mostra a relação do projeto com a cidade, incluindo quadras, ruas e lotes adjacentes.
Como Identificar Corretamente Seu Desenho
A identificação correta de um desenho técnico é crucial para a comunicação e organização do projeto, evitando erros e facilitando sua leitura por todos os profissionais envolvidos. Segundo as normas, como a ABNT NBR 16752:2020 e NBR 6492, a legenda (também conhecida como carimbo) é o local padronizado para essas informações.
Elementos essenciais a constar na legenda/carimbo são:
- Nome do proprietário legal e/ou empresa (nome, marca fantasia ou logotipo).
- Título do desenho (ex: Planta Baixa, Corte AA, Fachada Frontal).
- Número de identificação sequencial do projeto (números ou letras) e o número da folha.
- Tipo de documento (ex: Projeto Arquitetônico).
- Responsável(is) pelo conteúdo e autor do desenho (projetista, desenhista e verificador).
- Data de emissão.
- Escalas (numérica e gráfica).
Além do carimbo, quando há mais de um desenho na mesma folha, cada um deve ter seu título, número e escala indicados logo abaixo, no canto inferior esquerdo do desenho. A indicação do Norte também deve constar próximo ao carimbo ou no desenho.
Complementando com Informações Textuais, Quadros e Tabelas
Para que um projeto seja completo e compreensível, o desenho gráfico deve ser enriquecido e esclarecido por informações textuais e dados organizados em tabelas. Isso evita a sobrecarga visual do desenho e facilita a leitura.
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Informações Textuais e de Identificação:
- Nomenclatura dos Ambientes: Identifique cada ambiente com seu nome, acompanhado da área construída (em m²) e o pé-direito (altura entre piso acabado e teto acabado, em m). Essas informações devem ser centralizadas no ambiente e seguir padrões de caligrafia técnica (NBR 8402).
- Cotas: Adicione cotas internas para as dimensões gerais dos ambientes, e cotas verticais para alturas de pé-direito, paredes, lajes, telhados e esquadrias em cortes. As cotas devem ser claras, evitar cruzamento de linhas e ser legíveis a partir da base ou do lado direito do desenho.
- Cotas de Nível: Indique os níveis de piso acabado (N.A.) e em osso (N.O.), especialmente em áreas molhadas ou desníveis.
- Linhas de Chamada: Utilize-as para indicar detalhes específicos ou pontos de atenção (materiais, acabamentos, encaixes).
- Notas Gerais: Inclua quaisquer outras informações necessárias para o entendimento do projeto que não podem ser representadas graficamente.
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Quadros e Tabelas:
- Quadro de Aberturas/Esquadrias: Este quadro detalha as dimensões (largura, altura, peitoril para janelas) de portas e janelas, identificadas por um código alfanumérico (ex: P1, J1) no desenho. Isso mantém o desenho mais organizado e é amplamente utilizado em projetos de aprovação e execução.
- Quadro de Áreas: Essencial para o controle do projeto e exigência em aprovações, este quadro lista as áreas internas dos ambientes e a área total construída. Ele ajuda a compreender a diferença entre a área do ambiente e a área construída do projeto.
- Legendas de Hachuras: Se utilizar diferentes padrões de hachuras para representar materiais (pisos, paredes, telhados), é crucial criar uma legenda para identificá-los.
Ao adotar essas práticas, você não apenas atenderá às exigências técnicas, mas também tornará seu trabalho mais profissional, claro e facilmente compreensível para todos. Lembre-se, o desenho arquitetônico é uma forma de comunicação, e a clareza é a chave para o sucesso do seu projeto.
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