✍️ Autor: Máximo Górki (1868–1936)
Intelectual orgânico da Revolução Russa, Górki foi um dos principais nomes do realismo socialista — corrente estética que articula arte e política, colocando a literatura a serviço da formação da consciência de classe.
📌 Contexto Histórico e Social
O romance é inspirado em acontecimentos reais da Revolução de 1905 na Rússia, quando operários e camponeses começaram a se organizar contra o regime czarista. Górki retrata o ambiente de repressão política, as tensões nas fábricas e o surgimento de células revolucionárias socialistas entre os trabalhadores.
A Mãe é considerada a primeira grande obra do realismo socialista e cumpre uma função formadora: mostrar como a consciência revolucionária pode emergir da experiência concreta de opressão e luta.
📚 Resumo da Trama
Pelágia Nilovna, uma mulher simples, religiosa e submissa, vive com seu filho Pavel, operário de uma fábrica. Pavel se envolve com um grupo socialista clandestino e começa a difundir ideias revolucionárias entre os colegas. Inicialmente temerosa, Pelágia observa a coragem e o idealismo do filho, e, pouco a pouco, abandona sua passividade. Ela passa a distribuir panfletos, proteger companheiros perseguidos e, finalmente, torna-se uma militante consciente, assumindo um papel central na luta de sua classe.
🧠 Análise Marxista
Elemento | Interpretação |
---|---|
Pelágia (a mãe) | Representa a classe trabalhadora alienada que desperta para a consciência de classe. |
Pavel (o filho) | Simboliza o operário politizado que atua como organizador e educador revolucionário. |
A fábrica | Espaço da exploração capitalista, mas também de solidariedade e aprendizado coletivo. |
A polícia e o Estado czarista | Encarnação da repressão burguesa contra a organização política dos trabalhadores. |
💬 Trechos Comentados
🧩 1. A alienação inicial:
“Ela não compreendia as palavras do filho, mas sentia que havia nelas uma dor que não era só dele.”
🔎 Comentário: A alienação é rompida inicialmente pelo afeto. A dor de classe é compartilhada antes mesmo da consciência teórica. É um primeiro passo da subjetividade proletária rumo à politização.
🧩 2. A fábrica como escola da luta:
“Eles trabalham juntos, sofrem juntos. Quando um cai, o outro o levanta. Ali, cada injustiça é como um grito que se espalha.”
🔎 Comentário: A fábrica é apresentada não apenas como espaço de exploração, mas como berço da solidariedade e da consciência coletiva. Lembra a formulação marxista da classe “em si” se tornando classe “para si”.
🧩 3. O despertar revolucionário:
“Ela já não chorava. Agora, lia os panfletos que ajudava a distribuir.”
🔎 Comentário: Aqui ocorre o salto subjetivo: do sofrimento passivo à ação consciente. A figura materna se politiza e se une à luta do coletivo, superando o instinto individual e assumindo o destino do povo.
🧩 4. A figura da mãe como símbolo:
“Sou apenas uma mãe, mas levo comigo todas as mães que não querem ver seus filhos humilhados.”
🔎 Comentário: A mãe torna-se símbolo universal da mulher proletária. Sua identidade individual se dissolve na consciência de classe. Ela representa a transformação do amor privado em solidariedade política.
🎯 Conclusão Crítica
A Mãe não é apenas um romance: é uma narrativa de formação revolucionária. Pelágia, uma figura inicialmente passiva, torna-se agente da história — um símbolo poderoso da possibilidade de superação da alienação.
A obra realiza plenamente o ideal do realismo socialista: a literatura como ferramenta de elevação da consciência de classe, denúncia da exploração e afirmação da capacidade revolucionária do proletariado.
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